sexta-feira, 11 de junho de 2010

1°. Adivinhe quem vem para jantar (parte 5)

1° Episódio - Adivinhe quem vem para jantar (parte 5)

(Bem, para concluir, depois do jantar maluco que tiveram, o renascimento de Pepino... tudo ter se esclarecido... algo muito estranho irão descobrir nesse momento, que tem haver com o tal Rômulo... o golpista que prejudicou Pepino... espero que gostem do desfecho dessa história... isso pode dar bastante pano pra manga).

5a Parte (Final)

(Dia seguinte daquele jantar, bem cedo, Socorro esta colocando a mesa do café da manhã quando entra Pedro)

Socorro - Bom dia meu amor.

Pedro - Bom dia.

Socorro - Acho que ainda não cai na real. Que noite mais maluca tivemos ontem.

Pedro - É bom você ter dito isso.

Socorro - Porque?

Pedro - Eu tinha certeza que tinha sido apenas um sonho maluco.

Socorro - Realmente, pareceu mesmo. Mas enfim, tudo correu bem. Não devemos mais nada. Temos quatro novos hóspedes. Acho que agora as coisas podem começar a melhorar um pouco.

Pedro - Olha minha velha, merecemos. Engolimos muito sapo nesse bréjo... sou o sapo rei e você a minha pereréca linda.

Socorro - Olha como fala, Sapo Boi. (Entra Brustia)

Brustia - Bom dia!

Socorro - Bom dia! E ai, tá com fome? Ou comeu muito Pepino ontem a noite?

Brustia - Mas nem depois de uma noite dessas, você consegue falar algo agadavel?

Socorro - Me desculpe, Dona Beringela! (Brustia olha brava para Socorro)

Pedro - Mas afinal de contas? Você se resolveu com Pepino?

Brustia - Sim, sim. E cheguei a uma conclusão. Ah, já não somos mais crianças,

Pedro - Jura? Só devem ter passado um pouquinho desse tempo, umas poucas décadas. Alias sete eu não considero um número muito grande.

Brustia - Mas hoje vocês estão muito engraçadinhos. Acho que foi você Pedro que comeu bacalhau demais essa noite. E esse sim com cheiro de Chanel n°5!!!

Socorro - Nos desculpe. Continue contando.

Brustia - Enfim. Que talvez não precisemos mais de um apartamento novo. Já estamos aqui a tanto tempo. Talvez devessemos esquecer isso e usar esse dinheiro para curtir a vida. Viajar, sair pra jantar. Aproveitar até o nosso último segundo de vida. Já estamos acostumados com essa Pens.... com esse hotel. Assim como para os paraguayos, vocês foram muito generosos conosco.... apesar de muitas vezes querer estrangular vocês e ir morar em baixo de uma ponte para me livrar dessas piadinhas... (diz num tom sarcastico, a frase anterior e volta ao normal) Mas no fundo a gente já se entende. E talvez ficar por aqui seja a melhor opção. (entra Pepino)

Pepino - Com certeza. E sempre que possivel, um lindo jantar a base de bacalhau.

Socorro - Mas socorro!!! Não nos mate mais do coração. Chega de tantas emoções por enquanto. Sentem-se, o café já esta pronto. (Ela sai para buscar os pratos, Pedro vai até o fundo e toca um Sino que tem pedurado ao lado da porta de saida. A familia de paraguayos saem do quarto assustados)

Julio - Que es eso??

Pedro - Pensei que talvez vocês quisessem tomar um café da manhã no capricho.

Julio - Mira, creo que es mejor que mude ese sinal con la campana, el sino. O Luppe va a vivir con dolor de cabeza. Más do que já vive.

Luppe - Deja de ser tonto. Estoy muy bien. Con mucha fome. Nos llamaste en buena hora!!! (Todos vão a mesa) Meu estomago já estaba doendo. (Todos a olham).

Jorge - Señor Pedro. Hay algunas buenas fiestas por aqui, el final de semana esta llegando y quiero conocer mejor la ciudad. Conocer nuevas personas.

Luna - Y hay alguna Lan House cerca? Avisar a todos en Paraguay que estamos bien.

Brustia - Me desculpem. Mas posso saber, o porque de vocês virem para cá?

Luppe - Claro. No hay problemas. Julio tenia un socio. Ellos tenian una emplesa de autos. Pero su socio começou a comprar autos del mercado negro. Unos que llegan de China. Una larga historia. Y la policia federal descobrió todo y comezo a buscar los dos. Su socio sumio y casi que Julio fue preso. Entonces piensamos, mejor salirmos tambien de aca. No teniamos culpa ninguna, pero anda explicar eso para la policia?

Brustia - Viram só. Eu não estava tão errada quando pensei em contrabandistas...

Luna - Mira, Brustia, Bruja! Lo contrabandista no era mi papa. Era su socio. El queria fugir solo. Y piensamos que no seria justo y que no deberiamos dejarlo solo en ese momento.

Luppe - Eso es. Y aqui estamos. Fugitivos, pero unidos.

Jorge - Y con mucha fome. (Entra Socorro com a comida)

Socorro - Hora de comer. Tenham todo, um bom apetite.

Pepino - Bom, creio que esta tudo bem então. Mas uma coisa aprendemos essa noite. Antes de fazer uma sociedade. Conheça-o muito bem. Como tem golpista nesse mercado!

Pedro - Com certeza. Eu e Socorro somos socios nesse hotel e nunca tivemos problemas. (Mas Socorro só olha pra ele com olhar de quem vai aprontar com ele) Olha, criatura, se você estiver pensando em aprontar algo....

Socorro - Eu me mataria antes. (Ela começa a rir) Sabes que te amo, meu Gajo favorito!!! Nem todos socios são tão maus assim.

Jorge - Verdad. Ni todos son como Romulo. Aquel brasileño desgraçado.

Pepino - O que você disse?

Jorge - Romulo, el socio de mi papa.

Pepino - E quando foi isso?

Julio - Conoci Romulo hacen dois años.Yo ya tenia mi emplesa de autos, el vino con muchissimo dinero y nos oferecio mas o menos un billion de Guaranies, que em Real são aproximadamente quinhentos mil reais. Por parte de la sociedad. Entonces yo acepte. Yo estava quase falindo. Y despues de un tiempo, no pude negar que comezamos a tener mas lucro. El estava conseguindo buenos carros muchissimo mas baratos. No tenia lo que hablar de mal de el, hasta que el sumio con todo el dinero. Y dejo una carta decindo que fuimos descobiertos. Que nuestros autos eran contabandeados y que el estaba volvendo as Brasil.

Jorge - Estamos aca tambiem, porque queremos encontrarlo. Y no tenga dudas. Vamos a encontrar ese hijo de...

Luna - Deja de ser grosero. Ese boludo nomas. Y el va a devolver nuestro dinero.

Luppe - Pero el Brasil es muy grande, no creo que vamos encontrarlo. Pienso que es mejor empezarmos una nueva vida y esquecer eso todo.

Brustia - Socorro, creio que devo desculpas a você.

Socorro - Isso com certeza. Mas por qual de tantos motivos?

Brustia - Primeiro pelo que vou dizer agora. Você é muito tonta, sua sem graça. Bem, desculpe por isso. E segundo. Vocês não são o quintal da Europa. Vocês não são burro e bigodudos. Nem somos hiper gordos com triglicerides altissimos. Assim como, nem todo frances é fresco ou todos paraguayos contrabandistas.

Pedro - No fundo somos todos iguais. Apenas vizinhos nessa Torre de Babel. (Toca a campainha, Pedro vai até a porta e lá esta Jurema com Bia)

Bia - Bon Jour. Como vocês estão?

Socorro - Acordaram cedo.

Jurema - Pra vocês verem como as coisas são esquisitas.

Pedro - O que aconteceu?

Jurema - Aconteceu, que de alguma forma inesplicavel, vocês me prejudicaram hoje e não sei como?

Bia - Deixe-me explicar. Jurema veio me buscar para tomarmos um café da manhã. Eis que ele reencontrou um velho conhecido de colégio. Dai começaram a conversar sobre negócios. Conversa vai, conversa vem.

Jurema - Ele disse que era facinado pelo ramo imobiliario e que já trabalhou com isso. Que estava disposto a comprar parte da minha imobiliaria e ser meu sócio....

Bia - A conversa foi seguindo. Falaram dos velhos tempos. Do dia a dia.

Jurema - Até que contei como conheci a Bia.

Bia - Contou sobre o dia de ontem.

Jurema - Contei de vocês.

Bia- Ele saiu correndo, falou umas palavras que eu não entendi e sumiu.

Jurema - Liguei pro Romulo e ele disse que o negócio estava desfeito. (Todos ficam olhando pra cara dele com cara de abismados e todos ao mesmo tempo, um em cima do outro, ficam em cima dele perguntando: "Onde esta o Romulo")

Final

quinta-feira, 10 de junho de 2010

1°. Adivinhe quem vem para jantar (parte 4)

1° Episódio - Adivinhe quem vem para jantar (parte 4)

(Bem, mais uma vez vou refrescar a memória de vocês... bem vocês já foram apresentados a todos os personagens... Pedro e Socorro preparam aquele jantar para Jurema e Bia... mas vira uma grande confusão pois chegam os Paraguayos e do nada aparece o suposto falecido Pepino... na 3a parte eles começaram a lavar a roupa suja e jantam)...

(Agora todos já comeram, a familia de Paraguayos ainda esta na mesa. Dona Brustia esta em um sofá, Pepino em outro. junto a Jurema e Bia. Socorro recolhe as coisas e Pedro vai tirando o avental)

Pedro - Que calor desgraçado. Bem, acho que vocês vão querer ver seus quartos, não? Como disse. Dois quartos é o que precisam, não?

Julio - Si, si, eso.

Pedro - Bem, suponho, que seja um pro casal e outro pros seus filhos.

Julio - Eso, eso...

Luna - Yo no quiero compartir mi quarto con el. Tengo 25 años, no tengo mas edad para dividir lo quarto con el hermanito.

Luppe - Mi hija, no tenemos dinero para pagar otro quarto. Y eso es apenas por un tiempo, hasta que encuentremos un apartamiento.

Pedro - Me permite? Bem, na verdade, no telefone eu disse que estavamos lotado, mas não é bem verdade, além desses dois quartos, temos mais outros dois diponiveis. Creio que sua filha possa ficar lá. Pelo menos até que apareça alguem interessado nele.

Lunaa - Chuuulina. Muuuchas gracias. Sos muy gentil.

Pedro - Imagine, é o minimo que posso fazer depois dessa confisão toda.

Julio - Y tenemos bañeiro, no?

Pedro - Sim, claro. Mas se preferir, temos uns penicos...

Luppe - Que bueno, no gusto de dividir baño con los demas. Nem que eu tenha que ficar com o penico.

Pedro - Mas terá que dividir. Que cor de penico a senhora prefere?

Julio - No dijiste que tenias baño?

Pedro - Claro, fica no corredor dos quartos, logo a esquerda.

Brustia (Gritando do sofá) - Meus amigos, se vocês querem aprender a se comunicar, eis a primeira lição. Sempre sejam beem claros no que disserem. Ele tem um sério problema de compreender as entre linhas.

Pedro - Obrigado por esclarecer, Brustia, mas é melhor você ir pensando na receita de Pepino frito, que eu resolvo por aqui.

Jorge - Y se yo conocer alguien. Puedo trazer-la para aca?

Pedro - Claro, pagando, não tem problema algum! Bem, mas não sou muito a favor, mas também não posso controlar a vida de vocês. Apenas coloco os preços. Que tal se acertarmos assim? Vocês pagam por quartos.

Julio - Jorge, vas a compartir la pieza con su hermana!!!

Pedro - Tenta falar em portugues, pelo amor de Deus!!!

Jorge - Ela disse que es para yo dividir el quarto con mi hermana.

Julio - No tenemos dinero para pagar 3 quartos.

Pedro - Não se preocupem. No caso deles, vocês pagam por pessoa. Sinto que assim é mais seguro para mim.

Luna - Que estas piensando de nosotros, boludo? Yo soy una chica muy tranquilita. (Faz cara de santinha)

Luppe - Como queria creer en esa carita, hija mia, madre de mis dolores de cabeza noturnas. Bueno, podes llevarnos para nuestros cuartos. Creo que ainda estoy con el dolor de cabeza de la tarde.

Pedro - Não melhorou?

Luna - No te preocupes. Pronto te acostumaras.

Luppe - No te respondo a altura, porque solo quiero dormir un poco. Me muero de dolor de cabeza. Pero vas a ver cuando me ponga mejor.

Luna - Uy, estoy salva!

Pedro - Vamos, eu levo vocês. (Eles pegam as malas e vao pelo corredor com Pedro)

Jurema - Bem, já esta ficando meio tarde, será que não seria melhor a gente ficar por aqui essa noite, Bia? Ainda tem um quarto sobrando.

Bia - Claro, vou falar com a Luna e ver se posso dormir com ela...

Brustia - Acho melhor vocês desistirem. O Pepino vai precisar de um quarto para descansar antes de ser picado, triturado e frito!!

Bia - É, então creio que é melhor irmos. Nos conhecemos hoje, acho que seria muito precipitado se dormissemos juntos assim. Não podemos correr o risco de fazer alguma besteiras.

Jurema (com cara de decepcionado) - É, você tem razão. (Suspira com ar de quem broxou) É tão ruim fazer besteiras... (Faz cara de choro)

Bia - Boa Noite pra todos. Mande um beijão para a Dona Socorro, diga que o jantar estava uma delicia. Lembranças a todos. Creio que nos veremos em breve.

Jurema - Queria poder dizer o mesmo. Tchau. (Sai decepcionado atras da Bia)

Pepino - Enfim sós!!!

Brustia - Nossa, isso tudo é vontade de morrer hoje mesmo? Realmente, você não tem o menor amor a vida.

Pepino - Mi amore. Posso explicar?

Brustia - Esse é seu ultimo desejo? Pense bem, pra não se arrepender ao chegar no inferno.

Pepino - Você se lembra daquele empreendimento imobiliario que eu fiz?

Brutia - Aquele apartamento no Bexiga, onde iamos morar? Como poderia esquecer?

Pepino - Eu investi todo meu dinheiro lá. Comprando aquele imóvel, para reforma-lo e enfim termos uma cosa só nossa para morar. Mas dái eu pensei. Bem que eu poderia vender ele reformado, conseguir mais dinheiro e comprar algo ainda melhor para nós. Aquele apartamento era muito pequeno. E você merece algo melhor. Alias, merece o melhor.

Brustia - Você sempre na conversa... E dai, qual é o problema nisso?

Pepino - Conversei com um amigo meu na época que gostou da idéia e decidiu entrar na transação, começar a mexer com isso, de fazer reformas em apartamentos e reveder-los e assim poder fazer mais dinheiros. Então fizemos a reforma, e conseguimos vender o imóvel. Mas no dia de receber o dinheiro do comprador, ele remarcou a data e foi sem mim.

Brustia - Quem foi esse Filho de uma puritana??? Eu mato esse desgraçado!!!

Pepino - Foi aquele meu amigo, Romulo. Ele foi lá e pegou todo o dinheiro e sumiu.

Brustia - Mas eu sempre disse que esse Romulo era mais podre que alface em geladeira de gordo!!!

Pepino - Eu não sabia o que fazer, não queria te decepcionar, então sumi. Mandei uma carta pra você em dizendo que ia viajar. Esperei uma semana e pedi pra um outro amigo te enviar uma carta te contando aquela história.

Brustia - Que você estava indo para o Rio de Janeiro de carro para ver seu irmão, e que estava falando com você pelo celular, quando ouviu um som de acidente e você não respondeu mais.

Pepino - Isso mesmo.

Brustia - Eu acionei a policia, bombeiros, mandei investigarem esse acidente. Mas nunca encontraram o carro, nem nada. (Silêncio, os dois ficam se olhando) Seu desgraçado!!! Eu te mato, como você teve coragem de quase me matar do coração? Pra voltar nessa cara de pau depois de dois anos, com essa conversa idiota do golpe do seu amigo? Eu não vou te picar, vou te colocar no triturador de carnes. Vai ser o primeiro Pepino Moido!!! Tudo isso por culpa daquele grande alface idiota do Romulo? Você acha que eu não te perdoaria?? Seu tonto!!! (Ela para de gritar e fica olhando ele). É claro que eu ia te perdoar. E ia fazer desse Romulo um belo bife a role, cortar em tirinhas, rechear e espetar com palitinhos.

Pepino - Você estava tão feliz com nosso apartamento. Eu não sabia como te contar. Decidi sumir uns dias. Nesses dias pensei nessa idéia e achei que você poderia ser mais feliz sem mim.

Brustia - Bem, que percebi que aquele idiota do seu irmão estava muito tranquilo quanto a sua morte!!! Mato ele também!!! Ele disse: "Você pode me mandar uns relógios da vinte e cinco de março para eu vender aqui? Ah, o Pepino morreu. Se tiver cópia de rolex, melhor!" Sua mãe foi uma santa, mas ele é um filho da...

Pepino (Cortando ela) Mas eu é quem não aguentei ficar tanto tempo longe de você.

Brustia - Não aguentou o que? Dois anos, seu desgraçado! E o que você fez nesses ultimos dois anos?

Pepino - Fiz uns bicos por ai, trabalhos mais humildes, para começar a fazer um pé de meia. Mas de repente vi que eu ja tinha um dinheirinho legal, e já não aguentava mais de saudades. E achei que talvéz pudesse ressucitar e te devolver esse sonho.

Brustia - Mas te juro que na próxima se você não morrer mesmo, eu é que te mato. (Eles se beijam)

(Amanhã a última parte da história, algumas surpresas estão por vir... e digam o que acharam, dai posso escrever novos roteiros e ir postando aqui).

Fim da 4a parte

quarta-feira, 9 de junho de 2010

1°. Adivinhe quem vem para jantar (parte 3)

1° Episódio - Adivinhe quem vem para jantar (parte 3)

(Para refrecar a memória de vocês. Pedro é o português dono da pensão, marido de Socorro, também portuguesa, ambos estão na pindaiba por falta de hóspedes, lá só vivia eles e uma italianona chamada Brustia, viúva do Seu Pepino. Jurema é um típico Malandro Carioca, que também esta na pindaiba, mas dá um jeitinho para bancar o bonzão para as garotas, nesse caso Bia, uma francesa que ele conhecerá na rua. Combinou com Socorro e Pedro, que se eles fizessem um jantar para ele bancar o gostosão para a francesinha, ele esqueceria a dívida do casal, pelo aluguel da casa onde está instalada a Pensão. Tudo armado, mas eis que no meio do jantar chega uma família de paraguayos que tinham reservado dois quartos na pensão, o casal Julio e Luppe e seus filhos Luna eJorge. Dai começa a confusão, afinal eles não sabiam do combinado entre Jurema e os portugueses. E pra completar a bagunça, ressurge das cinzas o velho Pepino).

Brustia - Pepino? O que é isso? Estou alucinando? Não é possivel. O que esta acontecendo? Alguém me belisque. (Jurema dá um besliscão na bunda dela que dá um grito, se vira e dá um tapa da cara dee que dá um grito de dor). Pepino, dá para falar algo? Me explicar que cazzo esta acontecendo?

Pepino - Mia amada! Eu voltei.

Brustia - Como quem volta fugido. (Pedro diz baixinho)

Pedro - Da Mafia.

Brustia - Cala a boca.

Julio - Mas que pasa en ese hotel??

Bia - Hotel??

Pepino - Mia amada. Eu não pude dizer nada, todo esse tempo. Estive em uma grande confusão. Nem sei como explicar.

Brustia - Pois é bom que explique.

Luppe - Mi cabeza va a explodir!!

Luna - Mama, deja de ser hipocondriaca.

Luppe - Mas respeto con su mama, Luna! (A Bia se levanta)

Bia - Alguém pode explicar o que esta acontecendo aqui? Afinal o que é isso? E vocês parem com essa música! (Diz Bia aos berros para os músicos)

Brustia - Antes eu é que quero uma explicação!!!

Bia - Nada disso. Eu cheguei aqui primeiro que todos vocês. Eu vou querer uma explicação, antes de todos.

Pedro - Bem, é que.... (Socorro entra)

Socorro - Mas, que cazzo esta acontecendo?

Jurema - Vôou merda no seu ventilador.

Socorro - Nãoo!!

Jurema - Simm

Socorro - Nãoo

Jurema - Simmm

Socorro - Nãoo

Pedro - Mas esse gajo já não disse que sim? Deixe de ser surda, angustia!!

Socorro - -Socorro!!! (Silêncio, um olha pra cara do outro por um tempo.) Como é possivel que em um minuto, tudo pode desabar assim? (Pepino vai se sentar na mesa de Brustia, todos se sentam) Posso servir o jantar? Depois a gente conversa?

Bia - Bem, acho que essa é a forma mais civilizada de resolvermos isso tudo.

Socorro - E cale a boca Pepino! (Ela toma um susto) Penino?? (Ela se dá conta que o negócio é sério) Acho que já estou vendo coisas. Vamos comer para a miragem sumir.

Jorge - Puedo propor que todo juntemos las mesas. Creo que sera mejor para nos conocer y compreender lo que esta pasando. (ninguem diz uma unica palavra, até que Pepino começa a ajudar a mudar a mesa de lugar e todos juntam as mesas, Socorro dá um sorriso e volta pra cozinha)

Bia - Por favor, voltem a tocar. (Diz à banda, mas eles se entre olham, vão até a outra mesa, e arrasta até junto as outras) Mas o que esta acontecendo nesse restaurante?? (Diz Bia aos berros)

Luna - Creo que todos vão cenar! (Fica um silêncio e todos começam a rir, Socorro entra com uma enorme panela onde esta o bacalhau)

Julio - Esta con um cheiro muy rico!!

Brustia - Sim, Socorro cozinha muito bem. (Olha pro Pepino) É uma pena que defuntos não comam.

Pepino - Poxa, Brunequinha! Não vai me deixar comer nem um pedacinho desse bacalhau? Se tinha uma coisa que eu sentia falta dessa pensão era desse bacalhau.

Bia - Pensão?

Brustia - Bacalhau? Cadaveres não comem!!!

Socorro - Deixe de ser ranheta, criatura. Hoje todos vão comer do bacalhau. E essa sera a nossa santa ceia. Pela paz, pelo amor de Deus. (Socorro coloca o bacalhau na mesa todos começam a se servir enquanto Socorro vai colocando vinho nos copos).

Pedro - Bem, eu gostaria de dizer que estou muito feliz de ver esse Hotel, digo, restaurante.... digo... ah, nem sei mais!

Bia - Hotel. Eu já entendi.

Brustia - Que francesinha gentil! Mas pode dizer, pensãozinha de.... (Todos olham pra ela) Hotel. Esta bem, hotel!

Pedro - Hotel. Fico feliz de ver nosso Hotel, cheio de gente.

Socorro (após servir o ultimo copo) - Dona Elizabeth, Senhor Oscar. Espero que vocês.... (Falando para Julio e Luppe)

Julio - Que? No estoy compreendendo... eses tipos ya no saliran de aca?

Pedro - Me desculpem, Socorro confunde os nomes de vez em quando. (Diz beliscando a Socorro).

Socorro - Espero que vocês sejam bem vindo ao nosso humilde hotel. Aqui pode não ser nenhum cinco estrelas. Mas sempre que houver uma ocasião especial, haverá um bacalhau de primeira.

Julio - Muchas gracias. Bueno. Gustaria de decir que no compreendi nada hasta agora. Pero, ya comezo a entender que houve un gran mal entendido por aqui. Agradesco a todos por la linda recepcion con esa cena divina.

Socorro - Bem, acho que começamos a lavar a roupa suja antes da hora. Talvez seja bom aproveitar que o papo ainda esta civilizado e esclarecer algumas coisas. Jurema, talvez seja bom você explicar pra Bia, o que aconteceu aqui.

Jurema (se levanta) - Bom, eu conheci a Bianca hoje a tarde na rua. Gostei muito dela. Então achei que seria legal convida-la para jantar em algum lugar, Como sei que a Socorro é uma grande cozinheira, pensei que talvez pudesse fazer duas coisas boas uma noite. Te encontrar, e com esse jantar, perdoar a dívida desse casal Portugues, admiravel. para que hoje, quem sabe, ser um grande começo para todos.

Julio - Lo bueno es que no necessitaras pagar un Motel para llevar la chica. (Luppe olha para Julio como quem quisesse matar-lo)

Luppe - Hombre de Dios, que estas hablando. Sos un grosero. Creo que eso es lo que me esta matando. Mi cabeeeza!!!

Julio - Es una broma nomas. Una broma. Estoy brincando.

Luppe - Que broma, mas infeliz. Aiii, mi cabeza. (poe a mão na cabeça.)

Socorro - Olhe, senhora, tenho aqui um bom remédio pra dor de cabeça, que sempre deixo no bolso.Pode toma-lo.

Luppe - Ai, que buenissimo (Olha pra Socorro com um brilho no olhar, pega o remedio e toma virando a taça de vinho) Ahora ponga mas vino, ese para el brinde. (Socorro serve ela com cara de brava)

Socorro - Vinho não sai da torneira, não... (Luppe olha ela, uma pausa) Esquece.

Bia - Bem, acho que devo agradecer a gentileza do Jurema, apesar da piadinha do Senhor.... (Ela olha pra Julio com cara de exclamação)

Julio - Julio Miguel

Bia - Julio Miguel. Sei que foi apenas para dar uma descontraida. Estou muito contente de estar aqui com vocês todos. Com a Brustia. Ela é uma pessoa muito bacana. Obrigado a todos.

Brustia - Bom, acho que agora é hora de comer, porque não quero acabar com esse clima de paz que esta aqui. Mas garanto que amanha eu vou cozinhar, um pepino fatiado e frito!!!

(Amanhã a penultima parte dessa história maluca).

Fim da 3a Parte

terça-feira, 8 de junho de 2010

1°. Adivinhe quem vem para jantar (parte 2)

1° Episódio - Adivinhe quem vem para jantar (parte 2)

(A casa esta a meia luz, as mesas postas, com velas acesas.No canto ao lado da cozinha, 3 músicos velhos e uma senhora. Sai da cozinha, com uma roupa de chefe de cozinha, Socorro toda anciosa)

Socorro - Ai, meu Jesus!! Esse jantar tem que dar certo! Se o Seu Jurema não gostar, dai sim estamos lascados. (Dirigindo-se à senhora) Obrigada Carmen por aceitar cantar essa noite nesse jantar para o Seu Jurema. Não sei como te agradecer.

Carmen - Sirva um jantar no capricho para nós, como prometes-te! (Fala também com seu forte sotaque Português)

Socorro - Claro, claro. Não se preocupe. (Nessa hora entra Pedro com roupa de garçon )

Pedro - Estou me sentindo um pinguin no deserto do Saara. Estou morrendo de calor aqui de baixo.

Socorro - Pelo amor de Deus, Pedro. Não comece a buscar pelos em ovos. Esse jantar é a nossa salvação!

Pedro - Obviamente ovos não teriam pelos, mas sim, penas. O que eu te garanto que também seria algo improvavel...

Socorro - Valei-me Deus!! Mas eu não quis dizer....

Pedro - Calma, criatura. Eu já entendi. Não vou ficar reclamando. Afinal, se esse jantar não der certo quem se lasca sou eu. Afinal você é minha esposa e eu teria que te sustentar, além de assinar a falência e ter que pagar o Seu Jurema. Não quero mais um problema para a minha cabecinha.

Socorro - Ah, que bom. Assim fico mais aliviada. (Entra Dona Brustia super chique)

Brustia - Estou bem? Ou pareço uma velha de 70 anos? (Diz, ironicamente)

Pedro - Estas estupenda.

Brustia - Obrigada. Mas saiba que só estou me sujeitando a esse papelão, porque adoro um autentico bacalhau.

Pedro - E não iras se arrender. Socorro consegue transformar sardinha em caviar, frango assado em peru, omelete em crepes.

Brustia - Espero que essa insinuação do frango, não tenha nada haver com o nosso Natal passado.

Pedro - Eu não teria tantas dúvidas. (Socorro interrompe)

Socorro - É claro que era peru. (E dá um cutucão em Pedro)

Brustia - Só espero que esse bacalhau não seja um atum safado!!

Socorro - Deixe de ser agourenta. Espere e verás, comerás o melhor bacalhau, que jamais comeste em sua vida!!!

Pedro - O bacalhau da Socorro é tão bom, mas tão bom, mas tããão bom, que cheira a Chanel n°5.

Brustia - Chanel n°5?? Espero que não se refira ao bacalhau que vamos comer essa noite. O bacalhau é a prova de que nem toda boa comida tem haver com o seu odor. Embora a comida da minha querida Italia seja sempre perfumadissima. Mas não tenho culpa que vocês são do quintal da Europa....

Socorro - Não te respondo a altura, porque estou muito ocupada. Mas essa não vai passar batida, sua bruxa!!

Brustia - Ha ha ha!!! (Socorro volta pra cozinha)

Pedro - Esse Pepino devia ser bom mesmo. Você não era tão mal amada naqueles tempos.

Brustia - Pois saiba que Pepino era um homem completo. Outro igual nunca mais existirá.

Pedro - Quanto tempo faz, que o Pepino faleceu, mesmo?

Brustia - Dois tristes anos. E o que mais me intristesse é saber que seu corpo nunca foi encontrado.

Pedro - Você fala que nós portugueses somos bigodudos. Mas vocês Italiano tem dois pés na Mafia. Isso foi coisa de Mafia que ele se metia!!!

Brustia - Deixe de dizer besteiras!! Pepino jamais se meteu com essas coisas. Pepino era um bom homem. Que teve um final trágico. (Nessa hora entra Jurema com Bia)

Jurema - Boa noite pra todos!! Bia, esse é o restaurante que eu te falei. O melhor bacalhau de Portugal, esta aqui.

Bia - Cherrie, isso aqui é maravilhoso. Me facina!!

Brustia - Me perdoe, mas de onde a senhora é?

Bia - Paris. Saudades da minha terra. Mas pessoas como Jurema é que me fazem amar esse pais e jamais querer voltar a minha patria querida!

Jurema - Pois é. Somos muito calientes. (Nessa hora Pedro puxa Jurema de lado e diz)

Pedro - Vinte e cinco anos??? Onde???

Jurema - Olha, eu não me meto na sua mulher. Não se meta nas minhas.

Pedro - E é o bom que nunca metas mesmo. E sou super fiel a minha Socorro!!

Jurema - Mas fale a verdade. Ela é realmente um pitéuzinho, né?

Pedro - Pensei que fosse Bia. (Ele se afasta de Jurema, em direção a Bia) Bem, Pitéuzinha, pode se sentar, fique a vontade. Já já serviremos a ceia.

Bia - O senhor é muito gentil. Obrigado pelo Pitéuzinho. De onde você é? Não me parece Brasileiro. Você fala diferente.

Pedro - Sou de Portugal, somos vizinhos.

Bia - Que maravilha. Muito obrigado pela sua hospitalidade. Tipica dos Europes. (Eles se sentam numa mesa. Brustia se levanta e vai até a mesa deles, onde se instala)

Brustia - Pois então, querida. O que esta fazendo aqui no Brasil?

Bia - Ah, vim atrás de aventuras. Conhecer um pouco da alegria que não existe na França. Brasil é um pais muito alegre!!

Jurema - E alegria é comigo mesmo!!!

Bia - Imagino, Jurema.

Brustia - Há quanto tempo você conhece o Jurema?

Bia - Ah, na verdade nos conhecemos hoje a tarde.

Brustia - Nossa, mas você realmente esta buscando aventuras.

Jurema - Aventura é meu sobrenome, sabia??

Bia - Mas gostei dele porque ele é muito gentil, me convidando pra jantar, sem essas de me levar pra motel. Não gosto dessas coisas, é muito importante nos conhecer primeiro.

Jurema - Como é? (Faz cara de decepcionada, mas logo dá um sorriso falso) Claro, claro. Não sou desses não. Sou super a moda antiga.

Bia - Moda antiga também, não, né? Isso deixo para a minha avó. Mas só acho que tudo tem seu tempo.

Jurema (com ar de bravo) - Tuuudo tem seu tempo.

Brustia (com tom ironico) - Tudo tem seu tempo!

Bia - Sim. Tudo tem seu tempo. Bem, mas falando em tempo. Já estamos em tempo de ver um menu, não?

Jurema - Menu? Cardápio? Bem, mas acho que seria bom, se você provasse o bacalhau da casa, não? (Pedro vai até a banda dos 3 senhores e a cantora, dá um toques a eles e eles começam um fado)

Bia - Mas, eu gostaria de conhecer o Menu da casa. Escolher um bom vinho. Gaçon!!! (Pedro se aproxima)

Pedro - Pois, não, minha senhora?

Bia - O senhor poderia me trazer um Menu?

Pedro - Menu? (pausa) Ah sim, a carta! Não senhora, não posso!

Bia - Como assim não pode??

Pedro - Bem, é que hoje... (Jurema interrompe)

Jurema - Hoje a noite é temática. Não tem cardápio hoje. O prato é Bacalhau com vinho do Porto.

Pedro - Vinho do porto? (Diz Pedro assustado)

Jurema - Claro, vinho do porto!!!

Pedro - Pois saibas que vais pagar pelo vinho.

Jurema - Claaro, claro!!! (Jurema se apressa em responder, com medo que Pedro dê uma gafe, nessa hora entra pela porta principal os quatro Paraguayos)

Julio - Buenas noches, perdonenos por el atraso! Es que no encontravamos ningum Taxi por las ruas. (Nessa hora entra Socorro, que dá um toque no Pedro para ir servir o vinho e corre até a família)

Socorro - Bem vindos, meus queridos. A mesa de vocês esta reservada. Querem guadar as malas, no guarda volume?

Julio - Mas que pasa aqui? Pensé que isso era un Hotel?

Socorro (Cochichando) - Por Deus, sentem e comam, depois eu explico.

Luppe - Mi amor, no tenemos plata para pagar esa cena.

Socorro (Querendo dar uma porrada na Paraguaya) - Come e não fala mais nada, é cortesia da casa!!! (diz irritada)

Julio - Eses Brasileños são mucho gentis. Muchas gracias!! (Os quatro meio assustados deixam as malas ao lado da porta e vão até uma mesa) Que vamos cenar?

Luna - Papá, creo que no poderé ficar hasta mucho tarde. Quiero salir y conhecer la ciudad.

Julio - Já vai empezar con eso? Mal chegamos al Brasil y ya quieres salir a joder? (Fala Julio gritando, e todos olham para ele. Ele fica mudo e dá um sorriso) Buenas noches, vecinos!

Bia (Para Brustia) - Mas o que é isso?

Brustia - São uns Paraguayos que chegaram hoje no Brasil. Melhor você não entender nada. Coma que a comida desse restaurante, é de primeira.

Jorge - Papá, estoy con mucha fome. Sera que van tardar en servir esa comida?

Julio - No se? (Ele começa a bater na mesa) Mozo, mozo!!! (Pedro corre até eles)

Luppe- Por Dios, mi amor. No de golpes tan fuertes en la mesa, asi me comeza a doer a cabeza!!

Pedro - Pois, não?

Julio - Tem algo para comer?

Pedro - Pois é evidente que sim. (Julio fica olhando pra cara do Pedro, que fica encarando ele por alguns segundos).

Julio - Y no vas a servir?

Pedro - Já queres comer?

Julio - Claroo!! (Com cara de quem não esta entendendo nada. Pedro se afasta e fala pra si mesmo)

Pedro - Mas será que ninguém sabe se comunicar nesse mundo? Ou eles são muito burros, ou são inteligentes demais!!! (Nessa mesma hora entra um senhor Italiano com óculos escuros, roupas pretas que bate a porta, se inclina, como se estivesse se escondendo de alguém. Fica um silêncio com todos olhando. Brustia se levanta, faz cara de espanto e grita:)

Brustia - Pepinooooo!!!!

Fim da 2a Parte

1°. Adivinhe quem vem para jantar (parte 1)

1° Episódio - Adivinhe quem vem para jantar (parte 1)

(Uma sala grande, bem rustica. Uma porta enorme de madeira ao centro da casa. À direita de quem sai, uma mesa para 12 lugares. E um pouco mais a direita uma porta com saida pra cozinha. Ao lado mais duas portas com dois quartos. Ao centro 3 sofas um de costas pra porta e outros dois um de cada lado do outro sofá, formando como uma pá. À esquerda de quem sai uma mesa bem grande, como um balcão de hotel, mas algo antigo, à direita do balcão, tem um corredor que dá para mais 5 quartos. É nesse cenário que tudo começa. O telefone começa a tocar. Ouve-se passos apressados se aproximando, e uma mão atende o telefone. Com um sotaque carregado de alguém que vem de portugal, Sr. Pedro atende o telefone.):

Pedro - Alô! Pois não? Quartos? Sim, temos! (Silêncio) Ah, o senhor quer saber se tem algum disponivel? Deixe-me ver aqui no caderninho. (Ele imediatamente larga o telefone, faz um sinal da cruz levanta as mãos postas pro alto, como em oração e fala para si mesmo) Obrigado, meu Deus!! (Atende novamente) Olhe, o senhor tem muita sorte, temos apenas um quarto sobrando. (Silêncio) Como assim não vai querer? Ah, vocês pricisão de dois quartos? (Ele passa a mão na testa) Mas fique tranquilo, tem um casal fechando a conta agora mesmo. (Afasta o telefone da boca e grita sozinho) Tchau Elisabeth, tchau Oscar! (E imediatamente coloca o telefone no ouvido) Pronto, viu. Temos dois quartos. Alias, se precisar de três, diga, que expulso mais alguém. (Dá uma risada sem graça) Brincadeira, jamais fariamos isso com um hospede não devedor.

(Entra na sala, vindo da cozinha, Dona Socorro, a esposa de Pedro, e fala também com sotaque carregado de portuguesa)

Socorro - Com quem estas, falando, criatura? Elisabeth, Oscar? Quem diabos são esses? (Pedro afasta o telefone da orelha, cobre o bocal com a mão e diz)

Pedro - Clientes, clientes!!! (Ela faz sinal de fechar a boca com um ziper) Quando vocês chegam? Ótimo, estaremos esperando. Um abraço. (Ele desliga o telefone rapidamente e corre até a Socorro para dar uma abraço) Hóspedes, Socorro, hóspedes!!!

Socorro - Calma, gajo! Não vamos comemorar antes da hora. Da última vez vocês aquela confusão toda e aqueles possiveis inquilinos desistiram na hora! (Pedro a solta, ele diz)

Pedro - Esses brasileiros, tem costumes muito estranhos. Perguntam se tenho quarto e eu digo que sim. Sou obrigado a adivinhar que eles queriam o quarto?

Socorro - Eles acharam que você estava de sacanagem com eles e foram embora.

Pedro - (saindo de tras do balcão e indo se sentar no sofá onde Socorro esta sentada) Você sabe o que aquele gajo falou de minha mãe? (Silêncio) Não consigue entender.

Socorro - Pois entenda, criatura, entenda. Porque desse jeito vamos ter que assinar a falencia que já decretamos. (Nessa hora entra uma senhora metida a grã-fina e fala, com sotaque italiano)

Brustia - Novos hóspedes? Não creio? O que é que vocês vão trazer dessa vez? Índios para cozinhar em folhas de bananeiras? Caipiras que ficam tocando violão a noite inteira? Japoneses para melarem toda a cozinha com aquele arroz grudento deles? Paraguayos para faz.... (Ela é interrompida por Pedro que fala com impolgação)

Pedro - Isso mesmo, paraguaios. Ele disse que estão chegando do Paraguai daqui uma meia hora. E pelo sotaque espanhol deles. Com certeza não são brasileiros.

Brustia - Era só o que faltava para essa espelunca? Virar ponto de tranfico de mercadoria de quinta categoria.

Pedro (gritando) - Socorro.....!!!

Brustia (interrompendo-o) - Socorro, mesmo!!

Pedro - Eu ia falar com minha esposa, Socorro! (Brustia dá uma risada sarcastica e senta no sofa ao lado) Socorro. Essa mulher é maluca.

Brustia - Olhe como fala comigo, português bigodudo!

Pedro - Não tenho bigodes, minha querida.

Socorro - Bem, acho que já deu, né? Chega. E você Dona Brustia, esta tirando conclusões precipitadas a respeito dessa gente. Então quer dizer que todo paraguaio é contrabandista? Todo português tem bigodes e é burro? Se for assim, a Senhora é um poço de gordura, porque fica comendo massas o dia inteiro. (Brustia faz cara de despreso)

Brustia - Quando, Pepido, meu querido marido partiu me disse: "Calma querida, você vai se acostumar com o Brasil!!". Coitado do Pepino.

Socorro - Isso tudo é falta de Pepino? Tem muitos na cozinha. (Diz Socorro com cara de brava). Deixe disso, criatura. Essa terra é maravilhosa. Nos receberam maravilhosamente bem. Essa sua amargura deve ser realmente falta do pepino!!!

Brustia - Mas a senhora é muito abusada. (Silêncio) Esta bem. O Brasil não é tão mal assim. Mas tem cada tipo? Oh, gente complicada!

Pedro - E na Italia nao? Lembro bem desse seu Pepino, aqui mesmo, falando com a gente. Ele devia achar que somos surdos. Gritava demais. E você acha que é facil acostumar com essa Italianada escandalosa?

Socorro - Mas mesmo assim, adoravamos o Seu Pepino. Uma grande perda. Somos diferentes, culturas distintas. Mas somos todos iguais e imperfeitos. (Nessa hora toca a campainha)

Pedro - Ai Jesus. Deve ser o Seu Jurema outra vez. O que eu digo? Socorro!!!!

Socorro - O que foi??

Pedro - Dessa vez eu estava pedindo por socorro mesmo.

Socorro - Ah, Pedro. Mas tú é muito frouxo mesmo. Esse seu Jurema é um molenga. É como pum embaixo da agua. Faz barulho, mas não fede. (Ela vai até a porta e abre e era realmente para o Seu Jurema, um senhor alto, de terno e gravata, super elegante, com cara de bravo) Olá Seu Jurema. Temos boas noticias!!!

Jurema - Posso saber o que pode ser tão bom? Ah, vão pagar o aluguel da casa?

Socorro - Quase isso. Hoje chegam mais duas pessoas para morarem aqui.

Pedro - Quatro pessoas. Eles vem com os filhos.

Socorro - Quaaaatro pessoas, Seu Jurema. Agora a coisa vai.

Jurema - Engraçado. Ouvi essa mesma conversa há dois meses atras quando entraram aqueles japoneses aqui. E olha que era seis. Lembro bem. O chão da cozinha estava todo melado de arroz japones. Que sujeirada eles fizeram.

Pedro - O senhor é muito gentil com a gente, faz uma bela vista grossa quanto ao fato de fazermos dessa casa, um Hotel.

Brustia - Pensão... alias uma pensãozinha de quinta categoria... é que você quis dizer, ne?

Pedro - Hotel. E muito bom por sinar. Sua ingrata. (Voltando ao Jurema) Bem, eu te garanto que se dessa vez a coisa não der certo, você pode nos colocar pra fora. (Brustia faz uma cara de espanto, dá um sorrisinho e vai até o Jurema)

Brustia - Ju? Você não faria isso comigo, ne?

Socorro - Poxa Brustia, tudo isso é preocupação com a gente??

Brustia - Com a gente o que? É comigo mesma. (Voltando ao Jurema) Já te disse hoje como você é bonitão?

Jurema - Hoje?? (Pensa um pouco) Não, não, hoje não.

Brustia - O senhor é bonitão. Quando você vai me levar pra conhecer sua casa?

Socorro - Ah, sua assanhada. Mal o Pepino foi enterrado e você já quer trepar no pé de bananeira?

Jurema - Você gosta de pepino?

Brustia - Adorooo.

Jurema - Minha mãe cozinha um pepino com ricota, que é um manjar dos deuses.

Brustia - Você mora com sua mae?? Quantos anos o senhor tem?

Jurema - 53 anos. Enxuto, eu né? Obrigado. (Todos ficam com cara de sarcasmo pra cima dele e paira um silêncio). Esta bem. Vou esperar uns dias e volto aqui. Vamos vê se essa gente que vai chegar aqui, fica dessa vez, ne?

Pedro - Vão ficar!! Mas é claro que vão ficar. Serão muito bem recebidos por nós. Praticamente pelo descubridor dessa terra. Já que me chamo Pedro Cabral. E sou o representante dessa terra para quem chega aqui.

Jurema - Esta bem, está bem. Vou fingir que esta tudo bem. Mas pelo amor de Deus, vê se não me arruinem. Preciso desse dinheiro. Meus outros imoveis estão todos vazios. Você teriam que ser minha unica fonte de renda. Mas pelo visto são apenas minha fonte de rugas. Fonte de cabelos brancos. Pelo menos a idade me atinge como maquiagem. Não posso deixar de reconhecer que sou um coroa irresistivel. (Dá uma risadinha safada)

Brustia - Você é um jovem garanhão.

Jurema - Ah, se você não tivesse a idade da minha mãe!!

Brustia - O que você quer dizer!! (Diz brava) Quantos anos o senhor pensa que eu eu tenho, seu velho babão!!!

Jurema - Calma, que coisa. Deixe de ser tão nervozinha. Primeiro baba em mim, pra depois cuspir? É apenas por respeito. A senhora deve ter uns 70 anos, não?

Pedro - 70 anos além da maioridade.

Brustia - Vocês querem me irritar, não é? Mas não vão conseguir não. (Faz cara de convencida) Estou na flor dos meus 56 anos.

Socorro - Mas tú és muito mentirosa mesmo. Temos sua ficha aqui. Tens quase isso, mas com os números invertidos. 65 anos. Mas calma, vou te defender. Estas muitissimo bem. Eu te daria sim, 56 anos.

Jurema - E você acho que vou querer colocar o meu Jureminha no asilo?? Saiba que hoje cedo, eu estava caminhando na rua, indo pro escritório, quando uma linda jovem, de aproximadamente uns 25 anos ficou dando mole pra mim.

Brustia - Deu mole, porque sabe, que não adianta exigir dureza, não é?

Jurema - Acho que quem esta querendo me irritar é você né? Mas também não vai conseguir. O fim de semana esta chegando e vou pro Rio de Janeiro surfar um pouco com meus amigos da faculdade... e paquerar uns brotinhos na praia de Copacabana.

Brustia - Ok. Me desculpe... (Faz cara de coitada) Pepino nunca me levou pra conhecer o Rio, sabia?

Jurema - Pois você não sabe o que esta perdendo. O Rio de Janeiro continua lindo.

Brustia - Me leva pra conhecer o Rio, Juju??

Jurema - Mas nem que Jusus me devolva 20 anos de vida. O que meus amigos vão pensar?

Brustia - Mas como você é insolente....

Socorro - Calma, Brustia... esse é um grupo de eternos solteirões e ratos de praia dele. Eles tem um lema....

Jurema - Gatas de praia e cerveja barata sim, mas mulher na cola, nem de graça.

Brustia - Esses homens brasileiros são o fim.

Pedro - Olhe, o Pepino então devia ser brasileiro. Aquele lá não podia ver rabo de saia, que o pepino assava.

Brustia - Eu vou para o meu quarto, o ar nessa sala esta irrespiravel. (Sai e bate a porta)

Jurema - Essa mulher é louca, ne??

Pedro - É a falta do pepino. (Os dois riem)

Socorro - Jurema, você não quer aproveitar que já esta aqui e ficar para jantar. Deve estar saindo em uns 20 minutos. Tinha deixado a carne assando. Só falta fazer um arroz.

Jurema - Poxa, muito obrigado, Dona Socorro. Por isso não consigo ser cruel com vocês. (Ele poe a mão na cabeça e se lembra de algo) Ah, alias, preciso fazer uma ligação, mas meu celular esta quebrado. Posso usar o telefone de vocês?

Pedro - Claro que pode. (Jurema vai em direção ao balcão e pega o telefone, mas pedro corre até ele e grita). O que o senhor esta fazendo?

Jurema - Usando o telefone.

Pedro - E eu disse que podia usar, mas não é na hora que o senhor precisa!

Jurema - Desculpe, não sabia que você ia usar agora.

Pedro - Pois não vou, não senhor

Jurema - Então, qual é o problema?

Pedro - Custa pedir pra usar?

Socorro - Pedro, pelo amor de Deus, vou ter que te lembrar todos os dias que aqui perguntar se pode usar o telefone, é como perguntar se pode fazer uma ligação pelo seu telefone, agora? Ele não estava apenas querendo saber se pode. Ele queria mesmo...

Pedro - Esta bem, esta bem. Mes desculpe. Ligue ai...

Jurema (disca, fica mudo por um instante) - Olá meu amor. Tudo bem? Aqui é o seu Juju. Saudades do seu gatão? To com saudades de você também. Adorei te conhecer hoje a tarde. Esta afim de fazer algo hoje, mais tarde? (Silêncio e faz cara de que esta em encrencas e então se dirige ao Pedro) Tem lugar para mais um na mesa, pra hoje a noite?

Pedro - Sim, tem sim senhor... (mas Socorro o corta)

Socorro - Tem e pode trazer... ele quer saber se pode trazer a namoradinha dele pra jantar essa noite.

Pedro - Esta pensando que sou burro? Entendi muito bem. (para o Jurema) Traga sua amiguinha para o nosso jantar.

Jurema - Claro meu amor. Tem um restaurante muito bom aqui no centro. Fica num Hotel muito bom. Você vai adorar. O atendimento é de primeira. (Socorro faz uma cara de quem esta super feliz). Te busco em meia hora na porta do metro Republica. Beijos na boca. Tchau. (Ele faz dá um sorriso bem falso e vai andando até a Socorro com cara de filho pidão). Você sabe que adoro vocês, né? Bem, estou disposto a perdoar o atraso desse mês, mas vocês terão que fazer algo pra mim.

Pedro - Meu filho, em troca dessa divida, servimos até o melhor bacalhau da casa!!!

Jurema - Bem, ela esta esperando um restaurante de qualidade. E sei que a senhora tem uma mãozinha de ouro na cozinha. Então, vou precisar que vocês me ajudem a fazer com que ela acredite que essa pensãozinha é um Hotel de verdade!!! Sabe como é, não vejo a cor do dinheiro há meses.

Pedro - Mas que desgraçado!!! Aqui é um hotel e dos bons!!!

Jurema - Não tenho dúvidas. Mas bem que vocês podiam encenar para mim...

Socorro - Não estou te entendendo?

Pedro - E não somos atores. Você não a convidou para jantar? Ou por acaso era para o teatro?

Jurema - Jantar. Mas preciso que vocês banquem os garçons, criem uma noite tematica portuguesa. Para parecer um verdadeiro restaurante português. O que justificará comermos bacalhau.

Pedro (após um silêncio) - Vais perdoar nossa dívida?

Jurema - Qual dívida?? (diz com um sorriso na cara)

Pedro - A dívida do mês!!! Estás com amnésia?

Socorro - Pedro, pelo amor de Deus. Foi apenas uma forma de demonstrar que ele já perdoou a dívida. Que já esqueceu a dívida. (dirigindo-se ao Jurema) Pode deixar. Terás o melhor jantar português da sua vida. E ela vai acreditar que aqui é um restaurante!! Acredite em nós.

Jurema - Amo vocês!!

Pedro - Mas você é muito esquisito. Acho que formaria um par perfeito com a Brustia.

Jurema - Credo e cruz. Espere só até ver que pitéuzinho, é essa moça que vou trazer.

Pedro - Mas que nome mais feio essa moça tem.

Socorro - Ai, meu Jesus!!! Você que é o esquisito, criatura!!! Bem, vou cuidar do jantar. Nos vemos mais tarde.

Jurema - Até mais tarde! (Socorro se retira) Bem, Seu Pedro, vou passar rapidinho em casa e volto mais tarde com a Bia. Até mais tarde. (E se retira rápidamente)

Pedro - Mas é Pitéuzinha ou Bia? Eu realmente não entendo essa gente!!!

Fim da primeira parte.